segunda-feira, 22 de novembro de 2010

VIRGINIA WOOLF



Comecei a ler “As ondas” hoje, considerado por alguns especialistas como sua obra-prima (o que é bem difícil de classificar né!), recebeu desde 1931,ano em que foi lançado, o reconhecimento unanime de outros escritores de sua época.
Desde o começo percebemos que não existe uma história, seus seis personagens são na verdade seis almas que buscam freneticamente a compreensão de si, é muito radical até se comparado à Mrs. Dalloway por exemplo em que um tênue fio de narrativa ainda existia. As seis personagens são descritas como seis tons musicais em desarmonia, seis vozes que não conseguem encontrar seu ponto de repouso.
No dia 28 de março de 1941, depois de um colapso nervoso, Virginia decidiu se matar, vestiu um casaco, encheu os bolsos com pedras e entrou no rio perto de sua casa, seu corpo foi encontrado muitos dias depois.

O último bilhete de Virginia Woolf para o marido:

“Querido,
Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que é a você que eu devo toda minha felicidade. Você foi bom para mim, como ninguém poderia ter sido. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade, sem igual. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.

V.”

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