terça-feira, 30 de novembro de 2010

LORD BYRON- EUTANÀSIA-

Byron é considerado, na literatura inglesa, um gênio poético e um dos principais representantes do romantismo inglês. Seus poemas são carregados de inspiração exaltada, crítica social, impetuosa e violenta. Apresentam temas ligados à tristeza humana e melancolia. Seu primeiro livro de poemas foi “Horas de lazer”, escrito em 1807.

Fez muitas viagens, que o inspiraram, para cidades da Espanha, Grécia, Malta, Suíça, Itália e Albânia. Em Genebra, viveu com Claire Clairmont com quem teve uma filha, em 1817, chamada Allegra.

Byron era aleijado de um pé. Morou um tempo em Lisboa, porém uma situação desagradável o indispôs contra os portugueses. Foi morar no Oriente, em seus últimos anos de vida. Morreu em Missolonghi no dia 19 de abril de 1824, depois de uma tumultuada vida de escandalosos envolvimentos e boemia.


Eutanásia

Tradução de João Cardoso de Menezes e Souza
(Barão de Paranapiacaba).


Quando o tempo me houver trazido esse momento,
Do dormir, sem sonhar que, extremo, nos invade,
Em meu leito de morte ondule, Esquecimento,
De teu sutil adejo a langue suavidade!

Não quero ver ninguém ao pé de mim carpindo,
Herdeiros, espreitando o meu supremo anseio;
Mulher, que, por decoro, a coma desparzindo,
Sinta ou finja que a dor lhe estará rasgando o seio.

Desejo ir em silêncio ao fúnebre jazigo,
Sem luto oficial, sem préstito faustoso.
Receio a placidez quebrar de um peito amigo,
Ou furtar-lhe, sequer, um breve espaço ao gozo.

Só amor logrará (se nobre à dor se esquive,
E consiga, no lance, inúteis ais calar),
No que se vai finar, na que lhe sobrevive,
Pela vez derradeira, o seu poder mostrar.

Feliz se essas feições, gentis, sempre serenas,
Contemplasse, até vir a triste despedida!
Esquecendo, talvez, as infligidas penas,
Pudera a própria Dor sorrir-te, alma querida.

Ah! Se o alento vital se nos afrouxa, inerte,
A mulher para nós contrai o coração!
Iludem-nos na vida as lágrimas, que verte,
E agravam ao que expira a mágoa e enervação.

Praz-me que a sós me fira o golpe inevitável,
Sem que me siga adeus, ou ai desolador.
Muita vida há ceifado a morte inexorável
Com fugaz sofrimento, ou sem nenhuma dor.

Morrer! Alhures ir... Aonde? Ao paradeiro
Para o qual tudo foi e onde tudo irá ter!
Ser, outra vez, o nada; o que já fui, primeiro
Que abrolhasse à existência e ao vivo padecer!...

Contadas do viver as horas de ventura
E as que, isentas da dor, do mundo hajam corrido,
Em qualquer condição, a humana criatura
Dirá: "Melhor me fora o nunca haver nascido


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